O São Paulo tem sofrido ao longo de 2010 com seu mau planejamento. Durante todo o Campeonato Paulista o time não embalou, começou o Brasileirão em um ritmo fraco com o argumento de o objetivo principal ser a Copa Libertadores da America e mesmo após esta não conseguiu mostrar um futebol convincente a sua torcida.
Os erros já haviam começado em 2009 na então demissão do nosso grande técnico Muricy Ramalho, tricampeão brasileiro (e a caminho de seu tetra campeonato talvez), que mesmo apoiado pela torcida não conseguiu segurar a pressão da diretoria após a terceira eliminação consecutiva numa quartas de final de libertadores diante de um clube brasileiro.
Ricardo Gomes chegou e levantou o time no Campeonato Brasileiro 2009, chegando as rodadas finais com pinta de campeão, porém sucumbiu em seus três últimos confrontos decisivos e deixou o troféu hexa-sãopaulino nas mãos do Flamengo.
Beliscamos uma vaga na Libertadores 2010 e vendo a fragilidade do elenco que tinha em mãos, a diretoria trouxe nada mais nada menos do que 13 reforços para dar corpo ao time.
Passamos pela primeira fase do torneio continental jogando com times tecnicamente inferiores, mas sem o tal show em campo. Já nas oitavas de final um confronto com o pior classificado para os mata-matas e um susto: decisão por pênaltis.
Com o susto superado e com a chegada de Fernandão para o ataque o São Paulo jogou como gente grande diante do Cruzeiro, tanto no Mineirão quanto no Morumbi e já esperávamos por uma final, afinal de contas o Internacional de Porto Alegre cambaleava nas mãos de Fossatti.
Pausa para a Copa do Mundo e o mundo tricolor começou a desabar.
O Inter voltou jogando e empolgando enquanto que o São Paulo mal conseguia empates em seus confrontos. Fernandão, o grande nome contra o Cruzeiro, já não atuava com o mesmo futebol. Com isso a técnica tricolor transformou-se apenas em raça.
Um time sem ímpeto entrou em campo na primeira partida das semis. Renan, goleiro contratado na intertemporada, mal trabalhava e a derrota por 1×0 ficou barato o bastante para acreditarmos que no Morumbi nós mandávamos. E realmente mandávamos com a vitória por 2×1, mas vimos o Inter gritar “O Morumbi é nosso!”.
Ricardo Gomes não teve o contrato renovado e com Sérgio Baresi interinamente no comando não vimos o time ganhar um jogo sequer. O estopim para a “crise” tricolor foi a derrota humilhante por 3×0 sofrida para o Corinthians na semana passada.
Desde então todo o tal planejamento tem sido colocado a prova e os acontecimentos tem provado que erros graves aconteceram.
As saídas de Washington, André Luis e Léo Moura, além da já acertada saída de Jorge Wagner e do empréstimo de Marcelinho Paraiba ao Sport mostram a desorganização técnica da diretoria. Cleber Santana que já teria acertado com o Fluminense não foi liberado pelo Altétco de Madrid, detentor de 50% de seu passe, e voltou ao time com status de titular. Carlinhos Paraíba foi outro que retornou após ser barrado em exames médicos pelo Goias.
Algumas de nossas promessas das categorias de base foram emprestadas, além da jóia Oscar ter conseguido sua rescisão e ter acertado um contrato com o Inter. Essas categorias consomem milhões de reais em investimentos todo ano e não conseguimos formar nem um lateral direito ou um meia armador. Escutamos apenas que são diamantes a serem lapidados.
A demissão do fisiologista Dr. Turíbio, o evidente descontentamento de Marco Aurélio Cunha e o recente episódio com Dagoberto reforçam a péssima imagem que tem sido passada a toda mídia. O mandatário Juvenal Juvencio nunca foi tão questionado diante de episódios passados envolvendo a FPF, a CBF e o Corinthians.
Com tantos argumentos contra um planejamento eficaz da diretoria, podemos culpar Muricy pelas eliminações nas libertadores?
Podemos culpar Washington, que está arrebentando no Flu? Mazola e Renan, das categorias de base, são destaques na campanha do Guarani neste Brasileirão e não tinham a experiência necessária para serem jogadores do São Paulo. Henrique, no Vitória da Bahia, recentemente marcou 2 gols na sua estréia pelo time contra o Santos. Ao contrário trouxemos para a temporada jogadores que já passaram do auge da carreira, sem a honra que um prata da casa tem e por isso vemos esse time apático e sem alma em campo.
A diretoria tem que admitir seus erros e colocar o time realmente nos eixos. O rebaixamento é logo ali e times grandes caem, assim como Palmeiras, Corinthians, Grêmio e Atlético-MG. Não estamos a ponto de zombar do brilhante time vice líder Corinthians e mesmo que o fizéssemos por birra, como justificar a colocação de um modesto Ceará ou Avaí na tabela?
Falta garra não aos jogadores, mas para a diretoria, que se acostumou com a bonança construída entre 2005 e 2008. Quem paga é o torcedor.
Rafael Manzoli